quarta-feira, setembro 19, 2007

Desabafo

Precisei de pôr isto cá fora... É impressionante ver como as pessoas conseguem ultrapassar situações da vida que nos põem de rastos tão facilmente o "comum dos mortais", mas que não têm nada que nenhum de nós não tenha também ao seu dispor. Tenho visto tantos casos de pessoas que lutam contra doenças estes últimos dias que acabei por me perguntar - chamado à atenção no meio de uma conversa sobre alguém em particular - como é justificável tanto contraste na maneira como no dia-a-dia vamos lidando com coisas que às vezes são tão pequenas. Na dita conversa falou-se de um caso em particular que me tem interrogado particularmente e que por motivos óbvios não posso descrever aqui assim publicamente. Mas que é um exemplo de força e coragem, de remar contra a dureza da vida e as dificuldades a que estamos sujeitos por uma infelicidade. Tiro o meu chapéu e faço o meu "mea culpa", como às vezes somos tão grandes na nossa pequenez que no passar do dia-a-dia nem reconhecemos o valor a cada pequeno momento.

domingo, junho 24, 2007

Uma homenagem


Já que ando a estudar radiologia, aqui vai uma homenagem a Konrad Röntgen que descobriu os raios-X, uma das primeiras radiografias (da mão da esposa se não me engano) que sempre me fascinou pq apesar de tudo não é assim tão diferente das actuais

segunda-feira, junho 18, 2007

Pink Floyd - The Dision Bell

Lost for Words

I was spending my time in the doldrums
I was caught in the cauldron of hate
I felt persecuted and paralyzed
I thought that everything else would just wait
While you are wasting your time on your enemies
Engulfed in a fever of spite
Beyond your tunnel vision reality fades
Like shadows into the night

To martyr yourself to caution
Is not going to help at all
Because there'll be no safety in numbers
When the Right One walks out of the door

Can you see your days blighted by darkness?
Is it true you beat your fists on the floor?
Stuck in a world of isolation
While ivy grows over the door

So I open my door to my enemies
And I ask could we wipe the slate clean
But they tell me to please go fuck myself
You know you just can't win

Descobri este álbum há pouco... Enfim, palavras para quê, é Pink Floyd, não é?
Um abraço


Vejam só isto...


Voltei... depois de uns meses de espera. Gostava de partilhar com todos uma actividade que me marcou e que é simplesmente fantástica. Falo de uma peregrinação a Lourdes, organizada por estudantes das áreas da saúde para estudantes da área da saúde. São 12 dias fantásticos em que renasce dentro de nós aquela vontade de mudar o mundo. O ideal é trazer pra casa muita dessa vontade :) Vejam só...

http://pups.med.up.pt/rht.htm

terça-feira, novembro 28, 2006

Restolho

Geme o restolho triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário

Geme o restolho preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem côr e sem vontade

Geme o restolho a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar pra aprender a viver

E a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração

Geme o restolho a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa é enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar pra aprender a viver

E a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração


Mafalda Veiga

Maximilian Kolbe


In July 1941, a man from Kolbe's bunker had vanished, prompting Karl Fritzsch, the Lagerführer, to pick 10 men from the same bunker to be starved to death in the notorious torture block, Block 11, in order to deter further escape attempts. (The man who had disappeared was later found drowned in the camp latrine). One of the selected men, Franciszek Gajowniczek, cried out, lamenting his family, and Kolbe volunteered to take his place.

After two weeks of starvation, only four of the ten men were still alive, including Kolbe. The cells were needed, and Kolbe and the other three were executed with an injection of carbolic acid in the left arm.

Sentimentos de um Ocidental

AO GÁS

E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
Um sopro que arrepia os ombros quase nus.

Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Em uma catedral de um comprimento imenso.

As burguesinhas do Catolicismo
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.

Num cutileiro, de avental, ao torno,
Um forjador maneja um malho, rubramente;
E de uma padaria exala-se, inda quente,
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

E eu que medito um livro que exacerbe,
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.

Longas descidas! Não poder pintar
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
A esguia difusão dos vossos reverberos,
E a vossa palidez romântica e lunar!

Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!
Sua excelência atrai, magnética, entre luxo,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.

E aquela velha, de bandós! Por vezes,
A sua traîne imita um leque antigo, aberto,
Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.

Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.

Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.

"Dó da miséria!... Compaixão de mim!..."
E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,
Meu velho professor nas aulas de Latim!

Cesário Verde

segunda-feira, novembro 27, 2006

Gin Blossoms


Um albúm que um colega meu me emprestou, daqueles nas caixas de 5€ que se compra "pra arriscar", que ele não gostou, que me emprestou e nunca mais viu... Achei imensa piada ao facto de o CD trazer parte de uma corda de guitarra partida :) Não sei pq adoro as músicas, deixo aqui uma letra (que não tem muito a ver comigo :P)

Ive lost my mind on what Id find
And all of the pressure that I left behind
On allison road
Fools in the rain if the sun gets through
Fires in the heaven of the eyes I knew
On allison road
Dark clouds file in when the moon is near
Birds fly by a.m. in her bedroom stare
There was no tellin what I might find
I couldnt see I was lost at the time...
Yeah I didnt know I was lost at the time
On allison road
So she fills up her sails with my wasted breath
And each ones more wasted than the other you can bet
On allison road
Now I cant hide so why not drive
I know I want to love her but I cant decide
On allison road
I didnt know I was lost at the time
So I went looking for an exit sign
All I wanted to find tonight...

Gin Blossom in New Miserable Experience

quinta-feira, setembro 28, 2006

Sentimentos de um Ocidental

NOITE FECHADA

Toca-se às grades, nas cadeias. Som
Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!
O Aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças,
Bem raramente encerra uma mulher de "dom"!

E eu desconfio, até, de um aneurisma
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes;
À vista das prisões, da velha Sé, das Cruzes,
Chora-me o coração que se enche e que se abisma.

A espaços, iluminam-se os andares,
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos
Alastram em lençol os seus reflexos brancos;
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.

Duas igrejas, num saudoso largo,
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo.

Na parte que abateu no terremoto,
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,
E os sinos dum tanger monástico e devoto.

Mas, num recinto público e vulgar,
Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Um épico doutrora ascende, num pilar!

E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Nesta acumulação de corpos enfezados;
Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Inflama-se um palácio em face de um casebre.

Partem patrulhas de cavalaria
Dos arcos dos quartéis que foram já conventos;
Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
Derramam-se por toda a capital, que esfria.

Triste cidade! Eu temo que me avives
Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Curvadas a sorrir às montras dos ourives.

E mais: as costureiras, as floristas
Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;
Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E muitas delas são comparsas ou coristas.

E eu, de luneta de uma lente só,
Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.



Cesário Verde

Foto de K. Hiller

Mary Jane


What's the matter Mary Jane, you had a hard day
As you place the don't disturb sign on the door
You lost your place in line again, what a pity
You never seem to want to dance anymore

It's a long way down
On this roller coaster
The last chance streetcar
Went off the track
And you're on it

I hear you're counting sheep again Mary Jane
What's the point of trying to dream anymore
I hear you're losing weight again Mary Jane
Do you ever wonder who you're losing it for

Well it's full speed baby
In the wrong direction
There's a few more bruises
If that's the way
You insist on heading

Please be honest Mary Jane
Are you happy
Please don't censor your tears

You're the sweet crusader
And you're on your way
You're the last great innocent
And that's why I love you

So take this moment Mary Jane and be selfish
Worry not about the cars that go by
All that matters Mary Jane is your freedom
Keep warm my dear, keep dry

Tell me
Tell me
What's the matter Mary Jane...

Alanis Morissette

Foto de sian sian

quarta-feira, setembro 06, 2006

Sentimento de um Ocidental

AVE-MARIAS

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-nos, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba,
Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinir de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.

Num trem de praça arengam dois dentistas,
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas,
Reluz, viscoso, o rio; apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

Cesário Verde

Cipreste



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Foto de Joe Hearst